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Cabo de Guerra (crônica inédita)

O Ego, por exemplo: penso que o Ego são vidas/vivências passadas, que existiram individualmente, e se desdobraram em várias portas/subdivisões, criando o inconsciente, subconsciente, alter-ego, e por aí vai.

Nesses 'egos', que nada são do que várias vontades ao mesmo tempo querendo ser saciadas, incluindo caprichos individuais, foram nossas vidas passadas, com histórias de vida, desejos, paixões, características/personalidade.

Quem nunca cedeu à vaidade, por exemplo? Quem nunca amou aquele cara-que-não-te-merece, mas você o ama mesmo assim? Quem nunca cedeu e ‘furou’ a dieta comendo “aquele” pedaço de torta de chocolate? Quem nunca...?

O ego é você, só que do ‘outro lado’ do espelho, do ‘avesso’, brincando de cabo-de-guerra com seu self. Esse ‘outro lado’ se aproveita e tenta roubar o jogo, ao tentar controlar suas ações para agir a favor dele, dos interesses efêmeros dele, te complicando ainda mais, sem você perceber, em alguns casos.

Alguém te esbarra na rua, por exemplo, usando uma força desnecessária. A tendência das pessoas do ocidente é reagir, esbarrar de volta, ‘devolver a falta de educação’ ou, no mínimo, resmungar algo. Reagir, que palavra curiosa, significando agir em cima da ação dos outros.

Sabe quando acontece do volante do carro meio que ‘puxa’ para um lado e, para se dar um jeito em levar o carro até a oficina mais próxima, há de se dar ‘pequenos trancos’ para o lado oposto, compensando o desvio da rota?

Para mim o ego é isso, um lembrete de correção de rota. Sim, você se sente seduzido, te encanta, mas não é para você, não mais.Agora, nessa vida, a satisfação não é mais você satisfazer dez segundos de felicidade, e sim viver a felicidade 24h, em sua plenitude. Agora, nessa vivência, a satisfação reside na conquista em resistir e manter a dieta, para se sentir 'a-linda' ‘naquele vestido’, ou caber na ‘mítica calça jeans 38’. Esse nº é como o pós-moderno mito do channel nº 5, sendo como a paradisíaca miragem do encanto 'para sempre'.

Entre ego e self, que nada mais é do que você em essência, sabe o que eu penso/faço? Me pergunto: “Vale a pena? Vocês dois me digam as vantagens e desvantagens de cada ponto de vista. O melhor ‘pojeto de ideia’, me ‘ganha’". Uma lúdica reunião interna, um simples perguntar a si mesmo o que vai te dar mais satisfação/prazer. Se valer à pena ‘furar’ a dieta, que se ‘fure’ então, seja o motivo que for, que você achar que vale, em plena consciência. Tome a decisão e siga em frente, sem culpa.

Não penso que haja uma resposta certa ou errada às nossas perguntas internas. A meu ver, a vida não tem gabarito, apesar de ser uma prova/teste. A vida oferece, a cada segundo, experiências a serem vividas e assim a gente adquire escolhas e decide nosso caminho, ao longo dos tempos, através de aprendizado, conhecimento e dedicação.

Quem se lembra de como é demorado o processo em aprendermos do ‘início’, do ‘zero’ a andar de bicicleta, por exemplo?Primeiro tem a bicicleta pequena, quem permite que encostemos os pés no chão para não cair; depois tem as duas rodinhas, para não sairmos tombando nem andando em zigue-zague; depois tem os pais segurando firmemente o banco, para dar aquele apoio moral e fazer ‘as vezes’ da rodinha recém-tirada; depois usamos bicicletas maiores, de marchas; há quem leve mais adiante, usando bicicletas profissionais de corrida e virando atletas.

Ninguém aprende, em cinco minutos, a fazer certas coisas, a aprender certas matérias. Nadar é outro exemplo. Aprender matemática é outro, sem contar com a matemática avançada, onde se faz necessário usar calculadoras especiais, como HP12C, por exemplo: cálculos para fins tão complexos, que uma criança com menos de 10 anos sequer entenderia o que são jurosamortizados, retorno sob investimento, depreciação, dentre outros termos contábeis/financeiros. Ninguém faz ou pratica, o que não se entende a finalidade. Se/Quando isso acontece, é por mera repetição de comportamento. Daí surge o conflito interno de opiniões, a divergência do ego e do self.

Quem não se ouve, ouve todo o inconsciente coletivo! Acho mais fácil e prático ser você mesmo, se aceitando, olhando de frente e buscando ser a melhor versão de você mesmo, seja lá o que isso for. Sem julgamentos internos, sem preconceitos, sem tabus, sem dogmas, você é plenamente o que você quer ser, em vez de sufocar sua essência e acabar se frustrando por ter que seguir alguma convenção social, ou acabar cedendo a caprichos momentâneos do ego que, como uma criancinha mimadinha, sempre quer o que não tem, sempre quer o próximo presente, descartando o que acabara de ganhar, se mantendo sempre no centro das atenções.

A sereia te encanta, mas se ela quiser, te afoga.

A esfinge te desafia, mas se ela quiser, te devora.

Estar no centro de si mesmo é ser o mestre de si mesmo, é saber o que você tem a oferecer ao mundo, explicitando o poder vital que Deus deu a todos, o famoso ‘sopro da vida’; viver consigo e com todos, deixando sua contribuição para a evolução.

Mas, para isso acontecer, o self precisará abraçar o ego, envolvendo-o e dissolvendo toda sombra na Luz, para então virar um lindo (e eterno) sol de meio-dia, e você ser finalmente, você.